quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Saudades...

...da antiga casa da minha tia, que ficava colada à minha.
Subíamos de lado dois degraus de pedra para a entrada. Aquele sofá vermelho velhinho, à direita a cozinha, com a janela que dava para a rua, parecia-me tão grande aquela cozinha, se calhar porque eu era pequena, ou então porque nunca tinha estado em sítios maiores, ou talvez porque a cozinha tinha pouca coisa, aliás era só usada para passar uns dias no verão, e a maioria das refeições, incluindo o pequeno almoço, eram feitas na minha casa, quer dizer, na casa dos meus pais. Ao fundo da cozinha havia aquele forno, ou lareira grande, nunca percebi bem o que era, porque também nunca o vi a ser usado e como era um bocado escuro tinha um pouco de medo de lá andar, e lá estava sempre aquela bicicleta cor de laranja a motor. E ainda havia a porta que dava para o pátio dos fundos, com o chão em pedra e cheio de ervas e com a "casita" com a pia. Do terraço da casa dos meus pais via-se este pátio, ainda hoje se vê, e até dá para saltar lá para baixo.
Da sala havia uma porta de madeira, acho que em azul, que estava sempre aberta, com as escadas lá para cima. Havia um degrau que não se podia pisar porque estava partido, mas ninguém se importava. Como eram giros os quartos lá em cima, haviam duas portas que davam para o mesmo quarto, podíamos andar ás voltas. . Por detrás da minha cama batíamos na parede e ouvia-se do outro lado, num dos quartos, Era uma das paredes partilhadas.
Todos gostavam de ir para casa da Tia Bé, todos morávamos ali perto, era giro brincar lá e irmos todos juntos para a praia, aquele chão de pedra, a falta de coisas que costuma haver numa casa normal, o Dinky, acho que isso tudo fazia dessa casa a casa perfeita para se brincar porque era diferente das nossas e porque estávamos com o único primo que não morava perto, o primo mais velho, mas que brincava com todos como se fosse da nossa idade.
O tempo passa e agora os primos já são adultos e já não moram todos perto, o Dinky já não cá está, o chão de madeira começou a apodrecer e deixou de ficar seguro ir lá a cima, já não dá para passar sem uma casa de banho ou uma cozinha com as comodidades básicas. Agora é uma casa nova, bonita, com outras memórias e personagens.

É bom recordar.
O sofá vermelho

1 comentário:

João Pedro Louro disse...

JOÃO PEDRO diz: Que giro... é mesmo bom recordar. No meio disto tudo só tenho pena do Dinky. :)

ANA MARIA diz: A minha mãe já dizia, que a saudade mata.