quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Cheiros e Memórias

Recentemente comprei para o meu Abel um chá da Nutribén, para diliuir na água, uma vez que o menino não gosta de água porque não sabe a nada, quando abri a tampa vi que o conteúdo era um granulado e ao cheirar, reconheci o cheiro como sendo familiar, "mas eu nunca me lembro de ter bebido isto", pensei, "talvez tivesse sido o meu irmão a tomar disto". Cada vez que cheirava aquele chá e ouvia o chocalhar do granulado dentro da lata, mais familiar me parecia, mas recordações concretas, nada.  Para tirar as dúvidas perguntei à minha mãe se conhecia aquilo, ela sorriu e disse "Tu bebias disto quando eras pequenina".
Fiquei esclarecida.
Nem sempre as memórias são visuais, eu não me lembrava de ter bebido daquele chá talvez porque era muito pequena, mas a memória olfactiva ficou, e passado, talvez 26 ou 27 anos ao voltar a sentir aquele cheiro desencadeei novamente essa memória. É giro ver como o cérebro funciona.
Como será agora com o meu Abel? Será que daqui a 25 ou 30 anos este cheiro também fará parte das suas memórias, ou serão outras coisas, como o cheiro do meu perfume ou o som específico de algum brinquedo?
Que eu possa estar cá para o esclarecer, como a minha mãe me esclareceu a mim.

Tradução: "O olfacto está ligado a uma parte do cérebro que também controla as emoções e as memórias. Por este motivo é frequente cheiros desencadearem fortes memórias."

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Anúncios de emprego

Em todos os sites de ofertas de emprego as características dos anúncios são idênticas em quase todos. São poucos os anúncios que dizem exactamente qual vai ser o salário base. Na minha opinião isso não se justifica, no meu caso eu quero saber o ordenado para saber se me compensa por aquele valor ir trabalhar para aquela empresa que fica a 20km de casa, é que andar a trabalhar e não ter dinheiro suficiente para cobrir as despesas e ainda ter que por mais algum é andar a pagar para trabalhar. De certeza que para muitas pessoas esse emprego vai ficar a 10 ou 15 min de viagem e nesse caso, já se consegue fazer frente ás despesas. Parece que há um certo tabu em dizer ás pessoas quanto é que vão ganhar se aceitarem aquele emprego.
Outra coisa que nem sempre dizem é o horário, muitas empresas ao dizerem que é num centro comercial já sabemos à partida que são horários e folgas rotativas, mas noutras profissões convinha saber, por exemplo, se é para entrar às 8h ou ás 9h, é que eu posso estar a candidatar-me a um anúncio a pensar que vou começar às 9h e depois dizem que é para entrar às 8h e eu vou de transportes e não tenho forma de lá estar a essa hora, então tenho de pedir outro horário ou então a empresa escolhe alguém que possa fazer aquele horário.
Uma breve descrição das funções a desempenhar também se agradecia. É que na ausência destes pormenores o que vai acontecer é que vão receber demasiados currículos, vão chamar pessoas para a entrevista, que depois de saber as condições se calhar muitas vão rejeitar, pelos motivos que mencionei ou por outros. Quando mais pormenores tiver um anúncio, mais direcionados vão ser os perfis das pessoas que estão a concorrer.
Será que só eu é que penso assim?

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Filhos. Os nossos bebés.

Já a minha mãe diz: "Tu para mim és sempre pequenina.". Hoje que sou mãe entendo perfeitamente. Mas porque é que achamos que os nossos filhos são sempre bebés? Será porque é a altura mais gira em que achamos piada a tudo (mesmo que por fora a nossa cara seja de pânico) mesmo quando dizem a primeira asneira ou quando escrevem no sofá? O meu Isaac está quase com três anos, eu olho para ele a brincar e acho-o tão pequenino, tão giro, tão fofo, só me apetece agarrá-lo. Mas quando ele está a dormir, acho-o enorme, eu sei que as crianças crescem enquanto dormem, mas será que é logo que fecham os olhos e começam a sonhar? Porque é que quando ele está deitado eu o acho tão grande? Ele para mim ainda é um bebé, mas à medida que o vejo a fazer coisas novas e de menino crescido apercebo-me que já ele já não é bebé.

Ai, ai... as mães são mesmo piegas.
Depois de apanhar o meu boião de creme

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Saudades...

...da antiga casa da minha tia, que ficava colada à minha.
Subíamos de lado dois degraus de pedra para a entrada. Aquele sofá vermelho velhinho, à direita a cozinha, com a janela que dava para a rua, parecia-me tão grande aquela cozinha, se calhar porque eu era pequena, ou então porque nunca tinha estado em sítios maiores, ou talvez porque a cozinha tinha pouca coisa, aliás era só usada para passar uns dias no verão, e a maioria das refeições, incluindo o pequeno almoço, eram feitas na minha casa, quer dizer, na casa dos meus pais. Ao fundo da cozinha havia aquele forno, ou lareira grande, nunca percebi bem o que era, porque também nunca o vi a ser usado e como era um bocado escuro tinha um pouco de medo de lá andar, e lá estava sempre aquela bicicleta cor de laranja a motor. E ainda havia a porta que dava para o pátio dos fundos, com o chão em pedra e cheio de ervas e com a "casita" com a pia. Do terraço da casa dos meus pais via-se este pátio, ainda hoje se vê, e até dá para saltar lá para baixo.
Da sala havia uma porta de madeira, acho que em azul, que estava sempre aberta, com as escadas lá para cima. Havia um degrau que não se podia pisar porque estava partido, mas ninguém se importava. Como eram giros os quartos lá em cima, haviam duas portas que davam para o mesmo quarto, podíamos andar ás voltas. . Por detrás da minha cama batíamos na parede e ouvia-se do outro lado, num dos quartos, Era uma das paredes partilhadas.
Todos gostavam de ir para casa da Tia Bé, todos morávamos ali perto, era giro brincar lá e irmos todos juntos para a praia, aquele chão de pedra, a falta de coisas que costuma haver numa casa normal, o Dinky, acho que isso tudo fazia dessa casa a casa perfeita para se brincar porque era diferente das nossas e porque estávamos com o único primo que não morava perto, o primo mais velho, mas que brincava com todos como se fosse da nossa idade.
O tempo passa e agora os primos já são adultos e já não moram todos perto, o Dinky já não cá está, o chão de madeira começou a apodrecer e deixou de ficar seguro ir lá a cima, já não dá para passar sem uma casa de banho ou uma cozinha com as comodidades básicas. Agora é uma casa nova, bonita, com outras memórias e personagens.

É bom recordar.
O sofá vermelho