quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Estórias da vida quotidiana

São 13h. É hora de sair para ir almoçar. Entro no carro e vou para o parque de estacionamento habitual, onde é costume almoçar. Sim, almoçar dentro do carro, no parque de estacionamento, uma vez que a minha entidade patronal não me proporciona condições para poder fazer a refeição no local de trabalho, e apesar do subsídio de alimentação ser bastante bom, o restante ordenado ainda não é dos melhores, portanto é preciso arranjar alternativas.

Quando o sol começou a vir um pouco com mais força, vi-me obrigada a procurar um local à sombra nesse mesmo parque de estacionamento. Certo dia reparei que estava uma senhora, no carro ao lado do meu, a fazer o mesmo que eu: A almoçar. Nos dias seguintes reparei que essa senhora, tal como eu, tinha o hábito de comer dentro do carro. "Mais uma vítima das entidades patronais egoístas", pensei eu. Por coincidência chegamos a ter o carro ao lado uma da outra, ou com um ou dois carros de intervalo. Mas isso não foi motivo para trocarmos uma palavra cordial, ou um sorriso de solidariedade. No entanto, cada vez que a via chegar ao carro, pois a senhora costuma chegar cerca de 15 minutos depois de mim, dizia para mim: "Lá vem a minha amiga". Mas a senhora não é minha amiga.

Outra coincidencia foi o facto de eu reparar que após a refeição tínhamos o mesmo hábito, reclinar o banco do pendura e dormitar um pouco. Eu eu continuava sempre a pensar: "A minha amiga também gosta de dormir a sesta". Ao final do dia encontravamos-nos novamente.

Em algumas ocasiões senti-me tentada a dizer "Boa Tarde", ou "Bom Almoço", mas ao olhar para a expressão de mal encarada da minha amiga, perdi logo a vontade, não vá ela levar a mal.

Ontem, ao final do dia, estava eu a caminhar na direcção do meu carro, já a senhora tinha chegado ao dela. Enquanto me aproximava vi a forma bruta como tirou um papel com publicidade do pára-brisas do carro e o atirou com desprezo para o chão, e ao entrar no carro tirou a proteção do pára-brisas e do volante e atirou-os desmazeladamente para o banco de trás."Será que está a ter um dia mau?" pensei eu.

Eu continuo a pensar para mim "É a minha amiga". Mas não é.

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